domingo, 5 de junho de 2011

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENE. O QUE TEMOS QUE COMEMORAR??



05 de junho dia mundial do meio ambiente. O que temos que comemorar? Muito se tem feito em defesa da preservação do Planeta Terra, porém poucos avanços de fato ocorrem principalmente nas questões do aquecimento Global.
Hoje sabemos que as emissões de gases do efeito estufa emitidos por diversas atividades humanas, bem como o desmatamento das florestas que contribui sobremaneira para o agravamento desta situação. Com o desmatamento, ocorre o aumento da liberação de carbono para a atmosfera, afetando o microclima, que influi sobre o regime de chuvas que e provocam secas e alagamentos em diversas regiões, prejudicando diretamente a população.
Recentemente foi aprovado o polêmico código florestal brasileiro que merecia um maior debate e conhecimento real das questões que afeta a população brasileira. Poucos brasileiros entendem de mudanças climática, tão pouco do que provoca e o que deve ser feito para diminuir. Faltaram maior divulgação e participação popular. Apenas os interessados em lucrar economicamente e os que foram anistiados dos desmatamentos participaram ativamente deste debate.
Na medida em que o Brasil flexibiliza as regras de compromisso com o Meio Ambiente, assumidos em Conferencias e encontros internacionais isso geral desconfianças sobre a maneira como se conduz a aplicação das politicas ambientais brasileiras.
Existe uma possibilidade de retrocesso ambiental com aprovação desse código, pois os desmatamentos irão continuar, agora com respaldo legal. Com isso todos perdem porque os fenômenos da natureza não obedece a comandos alheios a seus ciclos.
Eunice S. Sousa
Gestora Ambiental
Conselheira CONSEA-BA

quinta-feira, 26 de maio de 2011

UMA NOVA CIÊNCIA

Uma nova ciência: Análise do Ciclo de Vida (ACV)
Por Leonardo Boff/ Teólogo/Filósofo (*)
A busca de um bem viver mais generalizado e o cuidado para com a situação global da Terra está aprofundando cada vez mais a nossa consciência ecológica. Agora impõe-se analisar o rastro de carbono, de toxinas, de químicas pesadas, presentes nos produtos industriais que usamos no nosso dia-a-dia. Desta preocupação está nascendo uma verdadeira ciência nova que vem sob o nome de ACV: Análise do Ciclo de Vida. Monitoram-se os impactos sobre a biosfera, sobre a sociedade e sobre a saúde em cada etapa do produto, começando pela sua extração, sua produção, sua distribuição, seu consumo e seu descarte.

Demos um exemplo: na confecção de um vaso de vidro de um kg entram, espantosamente, 659 ingredientes diferentes nas várias etapas até a sua produção final. Quais deles nos são prejudiciais? A Analise do Ciclo de Vida visa a identificá-los. Ela se aplica também aos produtos ditos verdes ou ecologicamente limpos. A maioria é apenas verde no fim ou limpos só na sua utilização terminal como é o caso do etanol. Sendo realistas, devemos admitir que toda a produção industrial deixa sempre um rastro de toxinas, por mínimo que seja. Nada é totalmente verde ou limpo. Apenas relativamente ecoamigável. Isso nos foi detalhado por Daniel Goleman, com seu recente livro Inteligência ecológica (Campus 2009).

O ideal seria que em cada produto, junto com a referência de seus nutrientes, gorduras e vitaminas, deveria haver a indicação dos impactos negativos sobre a saúde, a sociedade e o ambiente. Isso vem sendo feito nos EUA por uma instituição Good Guide, acessível pelo celular, que estabelece uma tríplice qualificação: verde, para produtos relativamente puros, amarelo se contém elementos prejudiciais mas não graves, e vermelho, desaconselhável por seu rastro ecológico negativo. Agora se inverteram os papéis: não é mais o vendedor, mas o comprador que estabelece os critérios para a compra ou para o consumo de determinado produto.

O modo de produção está mudando e nosso cérebro não teve tempo suficiente ainda acompanhar essa transformação. Ele possui uma espécie de radar interno que nos avisa quando ameaças e perigos se avizinham. Os cheiros, as cores, os gostos e os sons nos advertem se os produtos estão estragados ou se são saudáveis, se um animal nos ataca ou não.

Ocorre que o nosso cérebro não registra ainda mudanças ecológicas sutis, nem detecta partículas químicas disseminadas no ar e que nos podem envenenar. Introduzimos já 104 mil compostos químicos artificiais pela biotecnologia e pela nanotecnologia. Com o recurso da Análise do Ciclo de Vida constatamos o quanto estas substâncias químicas sintéticas, por exemplo, fazem diminuir o numero de espermatozóides masculinos a ponto de gerar infertilidade em milhões de homens.

Não se pode continuar dizendo: as mudanças ecológicas só serão boas se não afetarem os custos e os rendimentos. Esta mentalidade é atrasada e alienada pois não se dá conta das mudanças havidas na consciência. O mantra das novas empresas é agora:”quanto mais sustentável, melhor; quanto mais saudável, melhor; quanto mais ecoamigável, melhor”.

A inteligência ecológica se acrescentará a outros tipos de inteligência, este agora mais necessário do que nunca antes.

(*) Autor do livro Proteger o planeta, cuidar da Terra, Record 2010.